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MediaTrust.Lab lança campanha de sensibilização em período eleitoral

A campanha “O teu voto conta! Diz não à desinformação” pretende ajudar os cidadãos a distinguirem  conteúdos, jornalistas e sites verdadeiros dos falsos.

 

No início do atual ciclo eleitoral, revela-se imperativo exercer uma vigilância atenta em relação à desinformação, particularmente a que circula nos meios digitais, de forma a proporcionar escolhas bem informadas no momento do voto. A proliferação de narrativas falsas para influenciar a opinião pública foi uma prática política comum ao longo da História. No entanto, embora as informações enganosas e notícias fabricadas tenham antecedentes em diversas cronologias e geografias, observa-se nos últimos anos uma dimensão sem precedentes no que diz respeito à sua frequência e alcance, mesmo em contextos democráticos consolidados. Nesta fase de campanha eleitoral, diferentes indivíduos de diferentes esferas fazendo uso particularmente das redes sociais podem promover a disseminação massiva de informações deliberadamente falsas, visando manipular a opinião pública e angariar apoio eleitoral para uma ou outra corrente política, trazendo, assim, uma vulnerabilidade à democracia portuguesa que, em 2024, assinala o 50º aniversário da Revolução de Abril. 

Com objetivo de sensibilizar os cidadãos sobre a importância de lançar um olhar crítico aos conteúdos que circulam na internet e não acreditar em desinformação, o projecto MediaTrust.Lab lança uma campanha de sensibilização nos dias que antecedem as eleições. “O teu voto conta! Diz não à desinformação” vai contar com conteúdos educativos e pistas práticas para ajudar os cidadãos a entenderem as dinâmicas dos conteúdos informativos e desinformativos, a distingui-los e verificarem informações duvidosas, e a saberem se uma pessoa ou se um meio que se apresentam como jornalista ou jornalístico realmente o são.

A Comissão Profissional da Carteira de Jornalista emitiu recentemente um comunicado que especifica o uso indevido do título de jornalista por  pessoas que produzem conteúdos. A auto-denominação de “jornalista”, uma profissão consagrada na Constituição da República Portuguesa, confere credibilidade junto do público. No entanto, as pessoas que não são jornalistas e se assumem como tal estão a enganar os cidadãos, atendendo a que não respondem ética e deontologicamente às mesmas leis que os jornalistas, estando assim fora do enquadramento da legislação, do Estatuto do Jornalista e do Código Deontológico. As pessoas que se auto-denominam “jornalistas” ou “repórteres” podem suscitar perceções erradas junto do público (leia aqui). O recente caso Sérgio Tavares, que aqui analisámos, é apenas um exemplo. 

O MediaTrust.Lab alerta ainda para a dificuldade do público em compreender que um comentador, mesmo que jornalista, expressa somente a sua opinião e não vincula qualquer meio de comunicação a esta. Assim, o seu comentário resulta da análise que faz mas reflete a sua opinião e tão somente isso. Comentário não é jornalismo. E comentadores são geralmente pessoas especializadas em alguma área que, mesmo que tenham carteira profissional de jornalista, estão simplesmente a expressar a sua opinião e não a vincula-la a qualquer meio de comunicação social. A opinião dos jornalistas e dos comentadores não é validada ou invalidada pelos meios de comunicação. É apenas opinião formada a partir da leitura que essas pessoas fazem dos factos. Informação não é opinião. Esta questão tem contornos difíceis na interpretação por parte dos públicos. 

O entretenimento não é igualmente informação. Há pessoas que são apresentadas como “jornalista” ou “repórter” em programas de entretenimento e não o são. Basta consultar o site da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (link aqui) para verificar. Não sendo jornalistas, o seu trabalho não se enquadra no contexto do Estatuto de Jornalista ou do Código Deontológico. Sendo o seu trabalho válido, este enquadra-se no âmbito do entretenimento que não tem como objetivo informar. No máximo, o seu trabalho enquadra-se no denominado “infotenimento”, que resulta da junção de entretenimento com informação. Mas não é trabalho jornalístico nem a informação pode ser considerada jornalística.

É também dever do cidadão envolver-se com os processos de verificação e tornar-se um agente de combate à desinformação, atentando em alguns princípios que resgatamos agora, para que a sociedade toda possa contribuir para o fortalecimento da democracia em Portugal. É importante relembrar que a democracia depende de públicos bem informados. Quando as pessoas estão ou são mal informadas, as decisões que tomam podem ter consequências adversas; da mesma forma, quando uma sociedade é ou está mal informada, as suas decisões sociais coletivas podem ter efeitos nefastos e fragilizar a democracia.

Esteja atento! 

1) Verifique a fonte. A credibilidade de um órgão de comunicação social pode, num primeiro momento, “medir-se” pela referência do número de registo na ERC, que obrigatoriamente tem de constar na ficha técnica. Quando se deparar com um site ou publicação que não conhece, verifique no site da ERC o registo (clique aqui). 

2) Verifique também se o site ou publicação tem ficha técnica, onde consta o nome do diretor de redação, dos jornalistas da equipa, bem como os números de registo dos profissionais na Comissão da Carteira Profissional do Jornalista (CCPJ).

3) Só é considerado jornalista em Portugal quem tiver carteira profissional, emitida pela CCPJ. Se tiver dúvidas sobre se alguém é jornalista, deve verificar neste link.

4) Verifique a data de publicação do artigo que está a ler. Algumas notícias antigas podem circular como algo novo e desinformar os cidadãos.

5) Se alguma informação é muito relevante, estará publicada em diferentes meios de comunicação. Antes de acreditar em algo, verifique se outros órgãos de comunicação confiáveis publicaram a informação.